segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A Legião Estrangeira Francesa

"Quer romper com o seu passado, começar uma vida nova? A Legião Estrangeira lhe oferece uma oportunidade única. Sejam quais forem as suas origens, religião, nacionalidade, os seus diplomas e nível escolar, sua situação familiar ou profissional, a Legião estrangeira lhe oferece uma nova oportunidade para uma vida nova..."

É o que diz a página inicial do site brasileiro da Legião Estrangeira Francesa. Uma legião estrangeira é um destacamento militar criado por um país, mas formado por voluntários de outros países.



Muitos países já tiveram destacamentos desse tipo, como a "King's German Legion" da Grã-Bretanha e como o Brasil, durante o a Guerra do Paraguai.

Atualmente, no mundo, apenas a Espanha e a França mantêm ainda esses destacamentos militares, sendo que somente a da França continua aceitando novos voluntários e atuando. Atualmente, ela tem cerca de 7 800 soldados divididos em 10 regimentos na França, na Guiana Francesa, em Maiote (uma ilha do oceano Índico) e em Djibuti, na costa nordeste da África.

A Legião Estrangeira defende, em primeiro lugar, os interesses da França e, em segundo, atua em missões de paz e de intervenções pela ONU e OTAN, mas como tropa Francesa.


Desde que foi criada, a corporação mantém o costume de permitir que os soldados se alistem com um nome falso. Muita gente pensa que por causa disso a Legião aceita um monte de bandidões sanguinários, foragidos da lei. Já foi assim, mas hoje, o processo de admissão é mais rigoroso, submetendo todos os candidatos a checagens de sua vida.

Código de Honra do Legionário:

Artigo 1
Legionário, tu és um voluntário servindo a França com honra e lealdade.

Artigo 2
Cada legionário é o teu irmão de arma seja qual for a sua nacionalidade, a sua raça, a sua religião. Tu manifestarás sempre a estreita solidariedade que une os membros de uma mesma família.

Artigo 3
Respeitador das tradições, fiel aos teus chefes, a disciplina e camaradagem são a tua força, o valor e a lealdade tuas virtudes.

Artigo 4
Fiel do seu estado de legionário, tu o mostrarás na tua farda sempre elegante, teu comportamento sempre digno mas modesto, teu aquartelamento sempre limpo.

Artigo 5
Soldado de elite, tu treinas com rigor, cuida da tua arma como teu bem mais valioso, cuida permanentemente da tua forma física.

Artigo 6
A missão é sagrada. Tu a executas até o fim, no respeito das leis, dos costumes da guerra, das convenções internacionais e se for necessário, ao perigo da tua vida.


Artigo 7
No combate, tu ages sem paixão e sem ódio, tu respeitas os inimigos vencidos, nunca abandonas nem os teus mortos, nem os teus feridos, nem as tuas armas.

Se interessou? É bom pensar duas, três, mil vezes antes de embarcar nessa. Quem quiser se juntar à Legião Estrangeira precisa viajar à França por conta própria e se submeter a uma bateria de exames físicos e psicológicos. Se for aprovado, o soldado assina um contrato de cinco anos e começa com um salário em torno de 1 000 euros - cerca de 2 700 reais. Antes de fazer as malas, dê uma olhada no depoimento e nas fotos de um brasileiro que passou cinco anos na corporação.


Confissões de um legionário
Brasileiro que serviu por 5 anos revela o dia-a-dia no exército internacional
Maurício Arruda Preuss, 42 anos

Nascido em São Paulo
Profissão atual - Piloto de helicóptero
Serviu na Legião Estrangeira de 1987 a 1992

MUNDO ESTRANHO - Por que você resolveu se alistar na Legião Estrangeira?

Maurício - Porque eu era fascinado pela carreira militar, mas não consegui entrar na Academia das Agulhas Negras, no Rio de Janeiro. Foram três anos de cursinho, mas não deu. Eu tinha 23 anos e queria manter esse sonho. Por isso, voei para a França para tentar a Legião. Dizer que não senti medo antes de bater no portão do alistamento seria mentira...

Que testes você fez antes de ser aceito?

Passei por uma bateria de exames médicos, um teste psicotécnico, uma série de entrevistas e testes físicos. Na época, participei de uma corrida e fiz alguns abdominais - ficou por isso mesmo. Mas sugiro que antes de fazer as malas, o candidato seja capaz de correr uns 10 quilômetros sem grandes problemas. Dos meus anos na Legião, metade passei correndo!

É verdade esse papo de que muitos legionários são terroristas, traficantes e assassinos?

Não. Esse tipo de gente não tem a menor chance de passar nas entrevistas de segurança. O que acontece é que todo candidato tem direito ao anonimato e a uma nova identidade ao chegar à Legião. Por exemplo, após vários meses de convívio com um amigo italiano, soube que ele tinha entrado na corporação para fugir da máfia. Nunca soube seu verdadeiro nome.


Em que lugares do mundo você serviu?

Primeiro, me formei legionário na França. Depois fui à África para servir no Djibuti. Fiquei por lá dois anos e voltei à França para me formar pára-quedista. Segui novamente para a África - desta vez, foram cinco meses no Chade, para ajudar a conter uma guerra civil.

Como era seu dia-a-dia?

Não há uma rotina fixa: as manobras de campo, treinos de tiro e os estágios práticos mudam totalmente o cotidiano. Mas um dia "normal" é assim: acordamos por volta das 5 h, limpamos o quartel, tomamos café e fazemos uma corrida de mais ou menos 8 quilômetros. Depois o comandante distribui as tarefas diárias - manutenção das armas e dos serviços do quartel, por exemplo. O serviço vai das 7 h às 12 h e das 13h30 às 17h30. Do meio-dia às 13h30, é hora do almoço. Os legionários comem às pressas para tirar um cochilo ou encarar uma ou duas cervejas na cantina...


Você aconselharia alguém a se alistar na Legião?

Não! Eu tive muita sorte de sair inteiro. Se você quer ter algum tipo de experiência militar, primeiro tente a carreira no Brasil. Se depois disso aquela voz ainda quiser te mandar para a Legião, vá a um psiquiatra [risos]! E se nem ele conseguir calar aquela voz, bon voyage!

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