Nenhuma força de elite está cercada de uma imagem mais romântica
e nem foi objeto de tantos enganos e mitos como a Legião Estrangeira
francesa. Criada em 1831 para atuar na conquista da Argélia, teve
seus primeiros anos conturbados pelas freqüentes guerras contra os
árabes, pela indisciplina de seus componentes e pelos conflitos
internos. Reformulada em 1835, lutou no norte da África, na Criméia
(1854/56), na Itália (1859), na Guerra Franco-Prussiana (1870)
e em muitas campanhas coloniais. Teve um papel importante nas duas guerras
mundiais, consolidando a sua reputação. Na
Primeira Guerra (1914/18) perdeu 115 oficiais e 5.172 legionários
e seu Regimento de Marcha foi o mais condecorado do Exército francês.
Na Guerra da Indochina,
na célebre Batalha de Dien Bien Phu, sete batalhões da Legião
foram subjugados pelo Vietminh, sem jamais se renderem. Em seguida atuou
mais uma vez na Argélia e na crise do Canal de Suez, no Egito,
em 1956. A Legião sempre desempenhou bem o seu papel de defender
os interesses da França junto às suas colônias na
África, no Pacífico e no Caribe.
Em
1988, após uma reestruturação que reduziu drasticamente
os efetivos do Exército francês, a Legião ficou reduzida
a um quadro de 7.500 homens e teve algumas de suas bases fechadas, embora
ainda permaneça como importante unidade estratégica. A Legião
é responsável pelo seu próprio programa de recrutamento
e treinamento o qual está a cargo do 1º Regimento Estrangeiro,
em Aubagne, onde os novos recrutas começam a prestar serviço
e do 4° Regimento Estrangeiro, em Casteinaudar, responsável
pelo treinamento especializado. As principais unidades de combate são:
1º Regimento Estrangeiro de Cavalaria (1 REC) estacionado em Orange,
parte integrante da 6ª Div.Blindada Leve francesa; 2º Regimento
Estrangeiro de Infantaria (2 REI), baseado em Nimes, que atuou em várias
campanhas nas colônias; 3º Regimento Estrangeiro de Infantaria
(3 REI) localizado em Kourou na Guiana Francesa, especializado em operações
de guerra na selva e pela segurança do Centro de Lançamento
de Foguetes localizado na região; 5º Regimento Estrangeiro
(5 RE) responsável pela segurança da área de testes
nucleares da França no atol de Mururoa, no Pacífico; e 2º
Regimento Estrangeiro de Paraquedistas (2 REP) baseado na ilha de Córsega,
uma força de ação rápida especializada em
assalto aerotransportado e ações de comandos.
Voluntários
vêm de todas as partes do mundo compondo um grupo com mais de cem
nacionalidades. Ao se alistarem recebem um apelido e iniciam um treinamento
rigoroso durante as três semanas seguintes, onde serão levados
aos limites de suas capacidades físicas e psicológicas.
Durante o curso podem pedir dispensa por vontade própria ou serem
compulsoriamente dispensados, mas se conseguem lograr êxito são
obrigados a cumprir mais cinco meses de serviço. O primeiro ano
consiste em treinamento no 4º RE, onde é dada grande ênfase
ao condicionamento físico e a habilidade no manejo dos mais diversos
tipos de armas. Após o curso básico, alguns são selecionados
para o treinamento especializado como operador de comunicações,
observador avançado, sniper e técnico em explosivos.
Atualmente
a Legião Estrangeira existe como uma força de todas as armas,
bem organizada e equipada com armamento padronizado do Exército
francês. Divide-se em regimentos de dez companhias, algumas especializadas
(reconhecimento, morteiros, blindados leves, etc). Destes o mais conhecido
é o 2º Regimento Estrangeiro de Pára-quedistas, baseado
na Ilha de Córsega, no Mediterrâneo, com quatro companhias
de combate, que orgulha-se de poder montar uma operação
para qualquer parte do mundo em apenas 24 horas. O uniforme dos legionários
segue o padrão das demais unidades francesas, acrescido do famoso
quepe azul envolto num pano branco (para proteção contra
o sol e a areia do deserto), com a parte de cima vermelha e emblema dourado.
Para combate usa-se o camuflado padrão, normalmente com a tradicional
boina verde. Entre as armas da unidade destacam-se o fuzil
FAMAS F1, de calibre 5.56 mm e a metralhadora FN Minimi, de calibre
5.56 mm. O lema da unidade é: Legio patria nostra ("A
Legião, nossa pátria").
Nenhum comentário:
Postar um comentário