terça-feira, 24 de maio de 2016

Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti


 Os objetivos da missão
  1. Estabilizar o país;
  2. Pacificar e desarmar grupos guerrilheiros e rebeldes;
  3. Promover eleições livres e informadas;
  4. Fornecer alimentos para os haitianos;
  5. Formar o desenvolvimento institucional e econômico do Haiti.
A missão está no país desde junho de 2004 e era chefiada pelo diplomata tunisiano Hédi Annabi, que faleceu em 12 de janeiro, durante o terremoto de 2010. A sua morte foi confirmada no dia seguinte pelo presidente René Préval.
Em outubro de 2010, o Conselho de Segurança da ONU decidiu ampliar o mandato da MINUSTAH até 15 de outubro de 2011 e reafirmou seu compromisso de ajudar na reconstrução do país, após o terremoto de janeiro de 2010.





Helicóptero Chileno 
No ano de 2001, Jean-Bertrand Aristide venceu as eleições presidenciais, sendo que menos de 10% da população votou. A oposição negava-se a aceitar o resultado, criando um impasse. No ano de 2004, por meio de negociações mediadas pela comunidade internacional, em especial a OEA e o CARICOM, Aristide aceitou dissolver seu gabinete ministerial. No entanto, a oposição continuou insatisfeita, e a violência que surgiu no início do mês de fevereiro na cidade de Gonaïves se espalhou pelo país.
As forças rebeldes começaram a ocupar todas as cidades importantes do país, quase sem nenhuma resistência. França e Estados Unidos culpavam Aristide pela onda de violência, enquanto os países do CARICOM pediam pela manutenção da democracia no país.
Com a renúncia de Aristide   e seu quase imediato exílio na República Centro-Africana, o Conselho de Segurança das Nações Unidas cria a resolução 1592 de 2004, que solicita a criação de uma força internacional para assegurar a ordem e a paz no Haiti. No entanto, Aristide denuncia que fora sequestrado por fuzileiros norte-americanos, sendo então forçado a renunciar por um grupo de haitianos e civis norte-americanos com a anuência do governo brasileiro informação negada pelos Estados Unidos. Esta ação também teria tido o apoio do governo francês.
Após negociações, e por ter o maior contingente, o Brasil assumiu o cargo de coordenação da recém-formada Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti.

Início das atividades


Soldado brasileiro com uma menina haitiana.
As forças de paz foram comandadas pelo General de Divisão brasileiro Augusto Heleno Ribeiro Pereira.
Em um gesto de demonstração de boa-vontade das tropas brasileiras com o povo haitiano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou a Seleção Brasileira de Futebol a participar de uma partida com a Seleção Haitiana de Futebol. Com o apoio da FIFA, o chamado Jogo da Paz foi realizado em 19 de agosto de 2004 na capital haitiana, Port-au-Prince. O time brasileiro ganhou de 6 a 0.
O Gen. Heleno Ribeiro foi substituído em 1º de setembro de 2005 pelo general Urano Teixeira da Matta Bacellar. Em de 7 de janeiro de 2006, o General Bacellar foi encontrado morto em seu quarto de hotel. Suspeita-se que tenha cometido suicídio. Com isto, o Exército Brasileiro enviou uma delegação para investigar a causa da morte. Assume como comandante interino das forças de paz o general chileno Eduardo Aldunate Herman.

No dia 9 de janeiro, os empresários e comerciantes de Port-au-Prince realizam uma greve-geral de um dia como protesto à violência no país, principalmente pela escalada de sequestros no mês de janeiro de 2006.
Em 11 de janeiro de 2006, o Instituto Médico Legal (IML) de Brasília divulga laudo do qual o general Bacellar cometera suicídio Em 12 de janeiro, as Nações Unidas declaram o mesmo, corroborando a afirmação feita pelas autoridades brasileiras.


Porto Príncipe (Haiti) - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante visita às tropas brasileiras que participam da missão de paz da ONU para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH). 
Em 18 de janeiro, o general brasileiro José Elito Carvalho Siqueira, foi escolhido como substituto do general Bacellar pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.
No dia 11 de janeiro de 2007 o então general-de-brigada Carlos Alberto dos Santos Cruz assumiu o comando da MINUSTAH,  permanecendo até abril de 2009, quando foi substituído pelo General Floriano Peixoto Vieira Neto.

A MINUSTAH dez anos depois

Dez anos depois do início da Missão, os haitianos têm demonstrado insatisfação diante da longa permanência de tropas da ONU no seu país. Por duas vezes - em setembro de 2011 e maio de 2013 - o senado haitiano aprovou, por unanimidade, resoluções exigindo o fim da Minustah. Entretanto, o Conselho de Segurança da ONU decidiu manter as tropas no Haiti até 2016. "Quando um país mantém tropas em outro, sem que este o queira, estamos diante de uma ocupação. Não existe outra maneira de chamar", declarou o senador haitiano Jean Charles Moise, durante visita ao Brasil, em maio de 2014. Na ocasião, Moise, que faz oposição ao governo de Michel Martelly, fez um pedido: "O que posso dizer aos brasileiros é que suas tropas não podem nos ajudar lá. Queremos a ajuda dos brasileiros, por isso pedimos que o Brasil substitua seus tanques de guerra por tratores agrícolas".
A ocupação tem sido acusada de colaborar com a repressão e a corrupção e a epidemia de cólera de 2010, na qual soldados nepaleses com cólera defecaram no Rio Artibonite, contribuindo para a disseminação da doença que tinha sido erradicada desde o século 19 no país. A ONU afirmou que não indenizaria as vítimas. Em 22 de dezembro, começaram as primeiras manifestações populares exigindo a apuração de denúncias de compra de votos na eleições haitianas de 2010 reprimidas pela Minustah. Em 27 de dezembro de 2010, o representante da OEA no Haiti, Ricardo Seitenfus, foi demitido por críticas à ocupação na imprensa.
Os soldados nepaleses também cometeram crimes quando começaram a usar serviços de bordéis haitianos. Em 2012 se realizou um estudo feito pela Universidade de Colúmbia em que 65% dos haitianos se manifestaram contra a ocupação.

Comandantes militares da MINUSTAH

Países contribuintes

Abaixo uma lista com os países que contribuem para a formação da força multinacional das Nações Unidas para a estabilização no Haiti.

Efetivos militares

Argentina, Benim, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Croácia, Equador, Espanha, França, Guatemala, Índia, Jordânia, Marrocos, Nepal, Paraguai, Peru, Filipinas, Sri Lanka, Estados Unidos e Uruguai.
Atualmente, as tropas argentinas estão sediadas na cidade nortista de Gonaïves,] uma das zonas de mais conflito no país. A presença militar chilena se concentra principalmente no porto de Cap Haitien,também ao norte do país. Tropas de outros países cometeram abusos.

Força policial e civis

Argentina, Benin, Brasil, Burkina Faso, Camarões, Canadá, Chade, Chile, China, Colômbia, Egito, El Salvador, França, Granada, Guiné, Jordânia, Madagascar, Mali, Maurícia, Nepal, Níger, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Romênia, Federação Russa, Ruanda, Senegal, Serra Leoa, Espanha, Togo, Turquia, Estados Unidos, Uruguai, Vanuatu e Iêmen
Atualmente (2014) o Brasil conta com o maior efetivo de Polícia Militar já empregados no Haiti, com um total de dezenove policiais militares:
  • 12 policiais militares da PMDF;
  • 02 policiais militares da PMPE;
  • 01 policial militar da PMAL;
  • 01 policial militar da PMSP;
  • 01 policial militar da PMERJ;
  • 01 policial militar da PMCE.
O Brasil hoje representa 2,1% do efetivo de policiais na MINUSTAH. Dos dezoito UNPOLs, dois são policiais femininos.

Baixas

Desde que a missão de paz começou, em junho de 2004, 38 integrantes morreram. O incidente mais recente ocorreu em 12 de janeiro de 2010, por ocasião do grande terremoto que abalou o país, quando morreram 18 militares do Exército Brasileiro, um policial militar e um civil, também integrante da MINUSTAH, o brasileiro Luís Carlos da Costa, que ocupava o cargo de vice-presidente especial do secretário-geral da ONU.


Um soldado brasileiro na Cité Soleil, Porto Príncipe, 2010.
Militares
Além dos 18 militares falecidos em consequência do terremoto de 2010 também morreram durante a missão:
  1. General Jaborandy, por infarto durante viagem ao Brasil.
  2. General Bacellar, por suicídio;
  3. Cabo da Marinha do Brasil que não fazia parte do contingente da força de paz. Estava no navio brasileiro que levava mantimentos, equipamentos militares e soldados para o país caribenho. Morreu quando praticava exercícios físicos a bordo.
  4. No dia 2 de agosto de 2007, por volta das 19:45 (hora local - Haiti), no Ponto Forte Dourados, bairro de Boston - Porto Príncipe, o soldado Rodrigo da Rocha Klein, de 21 anos, natural de São Luiz Gonzaga (Rio Grande do Sul), originário do 4º Regimento de Cavalaria Blindado, onde servia desde 2004, sofreu um acidente no momento que se deslocava na laje do ponto forte. Tropeçou em um fio de alta tensão da rede pública e recebeu uma descarga elétrica, vindo a falecer no local.
  5. Tenente Coronel Gero Adriano Saldanha dos Santos, vítima de explosão de uma mina terrestre;
  6. No dia 1º de maio de 2008, faleceu o 3º Sgt FN Carlos Freires Barbosa, 36 anos, vítima de aneurisma cerebral.
Policiais civis
  • Canadá: 1

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